terça-feira, 31 de maio de 2011





O Profeta do Castigo Divino
Pedro Almeida Vieira




Este romance relata-nos a vida e obras do jesuíta Gabriel Malagrida (1689-1761), que viveu como santo iluminado e morreu como herege, queimado pela Inquisição. A história passa-se no período imediatamente anterior ao grande terramoto de Lisboa e segue também a vida dos reis da altura, do Marquês de Pombal e todos os problemas religiosos, políticos e económicos que se faziam sentir. Nesta obra,em que o diabo é, afinal, a mais compreensível das criaturas, ficamos a conhecer também a figura de Mendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal, que foi governador do Maranhão e a sua influência no cruel destino da Companhia de Jesus, a história do Convento do Louriçal e das suas freiras, repleta de sangue e milagres, a história da Igreja Católica e a sua visão de Deus como castigador. Uma visão diferente de Portugal no século XVIII.

terça-feira, 24 de maio de 2011




POEMA À MÂE

No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.

Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.

Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;

Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;

Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade, Os Amantes sem Dinheiro

Aniversário



Declamado por Maria Bethânia

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim mesmo,
O que fui de coração e parentesco,
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino.
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa.
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...



Álvaro de Campos

segunda-feira, 23 de maio de 2011

quarta-feira, 18 de maio de 2011




Grégoire detesta a escola. Reprova, acumula faltas e expulsões e os pais têm dificuldade em encontrar um estabelecimento que o aceite. Ele sente-se infeliz por ter de ir à escola e por ver os pais sempre a discutir, mas esquece tudo isto quando faz trabalhos manuais, actividade onde é excepcionalmente bom e inventivo. Nada lhe agrada mais do que passar horas a fio a conversar e a fazer bricolage com o seu avô Léon. Surge porém um momento em que Grégoire vai ser obrigado a crescer...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Primeiro Livro de Poesia



Este é um dos livros recomendados pelo Plano Nacional de Leitura e destina-se à leitura orientada em sala de aula.
«Constituído por obras de poetas de todos os países de língua oficial portuguesa, O Primeiro Livro de Poesia é um livro de iniciação, destinado à infância e à adolescência e onde procurei reunir poemas que, sendo verdadeira poesia, sejam também acessíveis ..."(Sophia de Mello Breyner Andresen).