quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A história do livro

Um vídeo feito por alunos de uma escola brasileira, escola E. M. Florestan Fernandes, Betim/MG sobre a história do livro. 
Deveras interessante!

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Poema a los Amigos - Jorge Luis Borges



Mãe, Filha, Campo, Amizade


"Pergunta-me" - Mia Couto

Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser

se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente

Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer

sexta-feira, 31 de maio de 2013



retirado de :
http://www.youtube.com/watch?v=1TZCP6OqRlE

A árvore generosa


Este livro narra uma bela história de amizade e companheirismo entre uma árvore generosa e um menino. Tendo passado a infância a brincar com ela, com as suas folhas e a respirar o seu ar puro, o menino foi embora, regressando apenas quando já era adolescente. Pediu-lhe então dinheiro, respondendo ela que não tinha, mas que este podia levar as suas maçãs, que ela o ajudava a vendê-las. O menino aceitou. Ficou então longo tempo sem a ver. Quando já era adulto voltou, pedindo à árvore que lhe desse uma casa. Esta, como não tinha uma casa, ofereceu-lhe os seus troncos, para que este fizesse a sua casa. Novamente, este aceitou e ficou longo tempo longe da árvore, voltando apenas quando era velho. Pediu então que lhe desse um barco, e ela....  bem, a generosidade desta árvore não tem fim...  
Terás de ler o resto para saberes o final desta linda história de amizade, em que uma árvore tudo faz para agradar ao menino que ama. 


quinta-feira, 30 de maio de 2013








E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos?
Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?
José Saramago

Uma história bonita, que todos os adultos deviam ver!

retirado de http://www.youtube.com/watch?v=YUJ7cDSuS1U

quinta-feira, 23 de maio de 2013

História de um gato e de um rato que se tornaram amigos






Esta é a história de Max e de Mix, o seu amigo gato preto.  

Um dia, Mix ouve uns uns barulhos desconhecidos, uns pequenos passinhos suaves vindos da despensa e descobre que há um ladrão, muito pequenino, em casa do dono. Matreiro, Mix consegue apanhar de surpresa um minúsculo ratinho. Mex, como é batizado, é um ratinho mexicano, muito medroso e charlatão. Mix e Mex ficam amigos e juntos partilham o melhor que cada um tem para dar.

Baseado num episódio da vida de um dos filhos de Luis Sepúlveda, a História de um gato e de um rato que se tornaram amigos prenda-nos com uma fábula simples e divertida sobre a amizade.
Boas leituras!

retirado de: http://www.youtube.com/watch?v=hOSPdfOivuk

terça-feira, 14 de maio de 2013


Poemas sentidos com o corpo e a alma

Tenta descrever as cores através de todos sentidos. 

O verde cheira a janelas abertas no verão
Guarda o canto e os sonhos alados dos pássaros  

É o olhar da inocência a brincar no jardim
leve como o voo dos colibris.







Podes também descrever um sentimento como o amor, a raiva, a inveja, a amizade… 
caracterizando-o através de todos os teus sentidos.

O amor tem as cores do arco íris
Mas apenas as mais quentes
cor de fogo
Tem sons que lembram harpas
e cheiros de tempos de infância
traz doces adocicados de framboesa à lembrança
e transporta o coração para lá do pôr do sol.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Completa o poema, encontrando as palavras que faltam em cada verso.

 
Anel de Rubi


Tu eras aquela que eu mais queria,
para me dar algum ____________e companhia,
e era só contigo que eu sonhava andar,
para todo o lado e até quem sabe talvez ___________.

Ai o que eu passei só por te ___________,
a ___________que eu gastei para te mudar.
Mas esse teu mundo era mais _________do que eu,
e nem com a força da ___________ele se moveu.

Mesmo sabendo que não _____________,
empenhei o meu Anel de _________,
pra' te levar ao ________________que havia no Rivoli.

E era só a ti, que eu mais queira
ao meu lado no ____________nesse dia,
juntos no ____________de mão dada a ouvir
aquela música _____________sempre a subir,
mas tu não ficaste nem __________hora,
não fizeste um ____________pra' gostar e foste embora.

Contigo aprendi uma grande ___________
não se __________alguém que não ouve a mesma ______________.

Foi nesse dia que ___________,
nada mais por nós havia a fazer,
a minha _____________por ti, era um lume
não tinha mais __________por onde arder.

Mesmo sabendo que não gostavas,
empenhei o meu ________de Rubi,
pra' te levar ao concerto que havia no Rivoli.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Olá!
Sugerimos hoje que cries a tua própria banda desenhada.
Fica aqui a sugestão de dois sites
Diverte-te e usa a tua imaginação.
Bom trabalho!




sexta-feira, 12 de abril de 2013

 

 
Se te quiserem convencer de que é impossível, diz-lhes que impossível é ficares calado, impossível é não teres voz. Temos direito a viver. Acreditamos nessa certeza com todas as forças do nosso corpo e, mais ainda, com todas as forças da nossa vontade. Viver é um verbo enorme, longo. Acreditamos em todo o seu tamanho, não prescindimos de um único passo do seu / nosso caminho
Sabemos bem que é inútil resmungar contra o ecrã do telejornal. O vidro não responde. Por isso, temos outros planos. Temos voz, tantas vozes; temos rosto, tantos rostos. As ruas hão de receber-nos, serão pequenas para nós. Sabemos formar marés, correntes. Sabemos também que nunca nos foi oferecido nada. Cada conquista foi ganha milímetro a milímetro. Antes de estar à vista de toda a gente, prática e concreta, era sempre impossível, mas viver é acreditar. Temos direito à esperança. Esta vida pertence-nos.
Além disso, é magnífico estragar a festa aos poderosos. É divertido, saudável, faz bem à pele. Quando eles pensam que já nos distribuíram um lugar, que já está tudo decidido, que nos compraram com falinhas mansas e autocolantes, mostramos-lhes que sabemos gritar. Envergonhamo-los como as crianças de cinco anos envergonham os pais na fila do supermercado. Com a diferença grande de não sermos crianças de cinco anos e com a diferença imensa de eles não serem nossos pais, porque os nossos pais, há quase quatro décadas atrás, tiveram de livrar-se dos pais deles. Ou, pelo menos, tentaram.
O único impossível é o que julgarmos que não somos capazes de construir. Temos mãos e um número sem fim de habilidades que podemos fazer com elas. Nenhum desses truques é deixá-las cair ao longo do corpo, guardá-las nos bolsos, estendê-las à caridade. Por isso, não vamos pedir, vamos exigir. Havemos de repetir as vezes que forem necessárias: temos direito a viver. Nunca duvidámos de que somos muito maiores do que o nosso currículo, o nosso tempo não é um contrato a prazo, não há recibos verdes capazes de contabilizar aquilo que valemos.
Vida, se nos estás a ouvir, sabe que caminhamos na tua [direção]. A nossa liberdade cresce ao acreditarmos e nós crescemos com ela e tu, vida, cresces também. Se te quiserem convencer, vida, de que é impossível, diz-lhes que vamos todos em teu resgate, faremos o que for preciso e diz-lhes que impossível é negarem-te, camuflarem-te com números, diz-lhes que impossível é não teres voz.”
José Luís Peixoto, in ‘Abraço’

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013



A Forma JustaSei que seria possível construir o mundo justo 
As cidades poderiam ser claras e lavadas 
Pelo canto dos espaços e das fontes 
O céu o mar e a terra estão prontos 
A saciar a nossa fome do terrestre 
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia 
Cada dia a cada um a liberdade e o reino 
— Na concha na flor no homem e no fruto 
Se nada adoecer a própria forma é justa 
E no todo se integra como palavra em verso 
Sei que seria possível construir a forma justa 
De uma cidade humana que fosse 
Fiel à perfeição do universo 

Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco 
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo 

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"



Bambo

O filho do caseiro novo é que lhe fez aquilo. Devagar, muito devagarinho, chegou-se a ele e - zás!: espetou-lhe a estaca nas costas. Depois ergueu-o e, de barriga para o ar, deixou-o ali suspenso a espernear ao sol.
O menino era mau de natureza. Furava os olhos dos passarinhos e cortava as pernas dos saltaricos quando podia. Mas, no caso de Bambo, portou-se assim porque a Joana Angélica lhe encheu primeiro os ouvidos. À noite, na fiada, tanto disse e ladrou dos sapos, do coxo e das feitiçarias, que o pequeno, pela manhã, mal deu com Bambo na horta, varou-o de lado a lado. E o pobre não teve outro remédio senão morrer trespassado na ponta do pau, a servir de espantalho às levandiscas. Com as chuvas, o sol e as geadas apodreceu por dentro, cheirou mal, secou e tornou-se num fole retesado. Uma sementeira mais, e desfez-se em pó.
Bambo, o sapo! Criou-se ao deus-dará, como tudo o que é bom. Sem pressas, confiado no tempo e na fortuna, foi estendendo a língua pelos anos adiante até se fazer o homem que depois era, largo, grosso, atarracado. Trouxe logo do berço os olhos assim saídos e redondos, e aquelas pernas de trás em dobradiça, no mesmo instante um banco ou uma catapulta. E também a boca de pasmo, com que pelas noites adiante engolia a imensidade do céu, lhe veio de nascença aberta e vazia como um poço. Mal gatinhava ainda nas beiradas do charco onde nascera, já o corpo lhe pedia mundo, terras novas. E devagar, moroso, a suar o visco que o defendia de tudo, à chuva e ao vento, umas vezes a morrer de fome, outras entoirido de fartura, tanto andou, que não havia segundo da sua criação que tão profundamente conhecesse a veiga de Vilarinho. Contudo, e não se sabe porquê, só aos vinte anos deu entrada na quinta da Castanheira que o tio Arruda trazia de renda. Pelos quinze de Agosto quando os milhões pareciam canaviais... Eram duas da madrugada. A aldeia, adormecida, sonhava. Caía um luar sereno, rarefeito, por sobre o casario negro. Ao longe, as matas do Infantado enquadravam o vale num abraço soturno. Nem a água da mina velha, que corria pela embelga fofa, fazia o mais pequeno
barulho. Nada! Um silêncio de pedra! Tio Arruda recordava-se bem do dia, da hora e de todos os pormenores do acontecimento. Por sinal que atravessava nessa altura uma crise de desânimo. À ceia, duas batatas cozidas, apenas. Depois, um homem cansa-se de regar milhão a vida inteira. Uma existência triste, a sua... Sempre a trabalhar por conta dos outros... Ficara solteiro... Convivia pouco... Nisto, ao tornar a água - tchap! Foi a ver - e sai-lhe um sapo!
Simplesmente, Bambo não era um anfíbio qualquer. Embora modesto na escala animal, tinha a sua personalidade. Precatado, discreto, negava-se a cair nos braços do primeiro que lhe desse a salvação.
- Ora viva quem também anda acordado a estas horas!
Não respondeu.
- Na boa da conquista, está-se mesmo a ver!...
Moita. Nunca dera troco a brincadeiras tolas. De resto, não andava às gatas, como o outro insinuava. Amores, só na primavera e na ribeira de Arca.
A desculpa é que tio Arruda desconhecia a vida do futuro amigo. Além de que dizia estas coisas por dizer, sem segundas intenções. Saudava apenas, num alvoroço justificado de solitário, aquela alma que lhe aparecia. Ah, mas Bambo não se entregava assim sem mais nem menos! Na maneira de fitar o interlocutor, no modo reservado como se foi afastando, mostrava claramente que não abria o coração antes de saber a quem.
Contudo, tempos depois, quando se viram de novo no tendal de feijões, tudo correu melhor. Nem sombras da natural desconfiança do primeiro dia, nem nada que se assemelhasse ao retraimento antigo, com o salto por um pêlo a guardar as distâncias. Coisa muito diversa. Agora, Bambo, embora não correspondesse aos cumprimentos, mostrava-se tão urbano, dava tais provas de lhe ter caído bem semelhante encontro, que tio Arruda parecia ter corda na língua.
- Felizes olhos, amigo! Até que enfim! Que ausência foi essa? Grande passeata!
Tio Arruda ignorava que ele, Bambo, passava o inverno recolhido. Que se retirava discretamente num buraco da parede da quinta mal vinha Outubro, e ali permanecia imóvel, calado, sonolento, Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março. Daí a razão de semelhante escarcéu.
Ignorância desculpável, aliás. A gente entende pouco do semelhante. Cada um de nós é um enigma, que a maior parte das vezes fica por decifrar.
Porque, na verdade, Tio Arruda estava diante de um ser complicado. Com os anos é que verificou como eram enganadoras as primeiras impressões. Também ele fizera juízos temerários, fizera! Magia negra, bruxarias, o diabo à meia-noite nas encruzilhadas... E, afinal... Parecia mentira, realmente. Mas viessem ver a realidade. Viessem ver o demónio do batráquio, reluzente de luar e alheado como um poeta... Quem na freguesia inteira passeava assim cheio de calma e de compenetração no silêncio carregado de estrelas? Quem, àquelas horas mortas, se maravilhava de igual maneira, a olhar deslumbrado a poalha de luz da estrada de Santiago, aberta no céu? Ninguém, a começar por si próprio. Há sessenta anos no mundo, e ceguinho como uma toupeira. E os outros na mesma conformidade. Para todos os habitantes de Vilarinho, sem excepção, as noites eram noites
- escuridão apenas. E os dias pior ainda, apesar da claridade.
Ricos e pobres nem no brilho do sol reparavam. Comiam, bebiam e cavavam leiras, numa resignação de condenados.
- A vida é assim...
£ a vida, como um fruto, estava cheia de doçura. Mas fora preciso, para o saber, que Bambo lhe aparecesse...
Perguntou-lhe:
- E então agora? Quanto tempo por cá?
Até ao fim das colheitas. Enquanto houvesse um bocado de calor capaz de aquecer o lombo dum cidadão, faziam companhia um ao outro. Punha uma condição: apenas se podiam ver depois de sol posto. Razões particulares...
Tio Arruda achou bem. As noites estavam realmente maravilhosas. A água da mina, pela calada das horas, rendia mais... De maneira que...
Bambo, desde o primeiro instante, manteve o silêncio habitual. E Tio Arruda acabou por entender. Afinal, ali, de pés sobre a melhor terra da veiga de Vilarinho, onde as minhocas engordavam como vacas, palavras só de quem tivesse a lábia do pregador de Passos, que subia ao púlpito e fazia chorar os santos no altar. O raio do homem parecia um saca-rolhas a trazer à tona da consciência o que ia dentro da alma de cada um! Mas, fora esse, ninguém na aldeia sabia abrir a boca. Por isso, mais valia seguir o exemplo do amigo, que era de mudez completa.
E a verdade é que nunca encontrara tanto sentido e beleza às coisas que o rodeavam, como naquelas horas silenciosas. Nelas, até as próprias sombras
faziam confidências ao entendimento...
Tio Arruda andara por maus caminhos. Confessou isso honradamente à porta da igreja, no domingo. Riram-se-lhe na cara. Quem havia de acreditar que um sapo fosse capaz de ensinar a alguém a ciência da vida? Impossível. E Tio Arruda, desiludido daquela incompreensão, voltou às suas regas e à comunhão íntima com a natureza. Precisava de chegar ao fim. Necessitava de aprender o resto da lição de Bambo, guarda zeloso dum mundo fremente de germinações. Entender em que medida ele se considerava responsável pelo pequeno grão que caía desamparado na terra, e até que ponto o rodeava de protecção. Inesperadamente, quando o sol, pela manhã, ao começar o seu giro, coscuvilhava os recantos do planeta, um canteiro, que no dia atrás era chão enigmático, aparecia coberto duma verdura virgem, casta, feita de esperança, água e cor. E só mesmo Bambo conhecia a grandeza do mistério, e o cercava de amor. Nenhuma outra consciência seguira no coração da noite os transes da transmutação germinativa. E nenhuma outra inquietação fazia sentinela ao milagre.
Seduzida e contagiada, a alma do trabalhador abria-se pouco a pouco às íntimas razões dessa comunhão profunda. Até ali, do crepúsculo ao alvorecer, as horas eram feitas de egoísmo e alheamento. Agora, Tio Arruda descobria em cada gomo ou em cada folha a porta dum Sésamo. E tudo obra de Bambo! Ao lado da sua serenidade e do seu apego à terra, do que nela havia de essencial - o dom de fecundar e parir -, ia conseguindo auscultar as imponderáveis palpitações da seiva. Nada de parecido com o interesse mesquinho, utilitário, que sentia outrora diante duma sementeira a despontar. Numa curiosidade progressiva, verificava com espanto que, além da fome, havia outras verdades. E, como Bambo, já não combatia as pragas apenas para salvar a colheita. Deitava enxofre e sulfato nas videiras, simplesmente para defender a vida. É certo que matava vida. Mas unicamente aquela que, errada e parasitária, estava desde a nascença a soldo da morte. Depois, preservado o rebento, expurgada de ervas daninhas a relva tenra do linho, dava largas aos sentidos. E ficava-se também, quieto e deslumbrado, a olhar uma gota de orvalho pousada no cetim de uma pétala, ou a escutar, de ouvido fito, um rouxinol que cantava na Silveirinha...
Assombrado com semelhante transfiguração, o povo começou a falar. E, pela voz do Chico das Eiras, caçoava:
- Como vão esses amores, Tio Arruda? Já há menino?
Nem sequer respondia. Baboseiras, todos as sabiam dizer. Do esforço de descer ao coração das coisas, é que nenhum era capaz.
Mas um dia Tio Arruda morreu. Um resfriado, e ninguém lhe pôde valer. Nem mesmo a lembrança do mestre, que nesse Dezembro nevoso hibernava filosoficamente num buraco. E, com a sua morte, veio novo caseiro e foi-se de Vilarinho o único homem que sabia de ciência certa quem era Bambo, o sapo.
Miguel Torga, Bichos