O Mundo em que vivi
de Ilse Losa
O
LIVRO
"Numa escrita inexcedivelmente sóbria e transparente, e
através de breves episódios, este romance conduz-nos em crescendo de emoção
desde a primeira infância rural de uma judia na Alemanha, pelos finais da
Primeira Grande Guerra Mundial, até ao avolumar de crises (inflação,
desemprego, assassínio de Rathenau, aumento da influência e vitória dos
Nazistas) que por fim a obrigam ao exílio mesmo na eminência de um destino
trágico num campo de concentração. Há uma felicíssima imagem simbólica de tudo,
que é a do lento avançar de uma trovoada que acaba por estar "mesmo em
cima de nós". Assistimos aos rituais judaicos públicos e domésticos, a uma
clara atração alternativa entre a emigração para os E.U. e o sionismo. Fica-se
simultaneamente surpreendido pela correspondência e pelas diferenças entre o
adolescer e o viver adulto em meios culturais muito diversos, pois há relances
de vida religiosa luterana, católica e de agnosticismo à margem da experiência
judaica ortodoxa. Perpassam figuras familiares de recorte nítido: os avós da
aldeia, o pai, negociante de cavalos, desfeitado por antissemitas e falecido de
cancro, os tios progressistas Franz e Maria, o avô Markus, a amorável avozinha
Ester (Kleine Oma), Paul (o jovem quase-namorado que se deixa intimidar pelo
ambiente), Kurt (o jovem enamorado assolapado, culto e firme nas suas
convicções). A ação é desfiada numa sucessão de fases biográficas
progressivamente dramáticas - e nós acabamos por participar afetivamente de um
destino ao mesmo tempo muito singular e muito típico, que bem nos poderia ter
cabido. Um romance de características únicas na leitura portuguesa - e
emocionalmente certeiro".
Óscar Lopes
A Autora
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Ilse
Lieblich Losa
(Melle-Buer, 20 de março de 1913 — Porto, 6 de janeiro de 2006) foi uma
escritora portuguesa de origem judaica. Nascida na Alemanha, frequentou o liceu
em Osnabrück e Hildesheim e mais tarde um instituto comercial em Hannover.
Ameaçada pela Gestapo de ser enviada para um campo de concentração devido à sua
origem judaica, abandonou o seu país natal em 1930. Deslocou-se primeiro para
Inglaterra onde teve os primeiros contactos com escolas infantis e com os
problemas das crianças. Chegou a Portugal em 1934, tendo-se fixado na cidade do
Porto, onde casou com o arquiteto Arménio Taveira Losa, tendo adquirido a
nacionalidade portuguesa. O mundo em que vivi é o seu romance
de estreia e, desde dessa altura, dedicou a sua vida à tradução e à literatura
infanto-juvenil, tendo sido galardoada em 1984 com o Grande Prémio Gulbenkian
para o conjunto da sua obra dirigida às crianças. Em 1998 recebeu o Grande
Prémio de Crónica, da APE (Associação Portuguesa de Escritores) devido à sua
obra À Flor do Tempo. Colaborou em
diversos jornais e revistas, alemães e portugueses, está representada em várias
antologias de autores portugueses e colaborou na organização e traduziu
antologias de obras portuguesas publicadas na Alemanha. Traduziu do alemão para
português alguns dos mais consagrados autores, nomeadamente O Diário de Anne Frank.
Fonte: https://www.wook.pt/autor/ilse-losa/293 (adaptado)